Melhoria do ambiente de negócios
Com sete trimestres seguidos em queda, a economia brasileira deverá fechar 2016 com recessão por volta de 3,5% do PIB, levando para 2017 uma situação muito difícil de ser resolvida. As projeções para o próximo ano são de crescimento apenas residual (de 0,5% a 1,0%) ou até mesmo de nova contração (previsões mais pessimistas apontam queda de até 1%). Porém, é importante compreender que não apenas o expressivo resultado negativo dos últimos três anos tem dificultado a retomada de nossa economia; a atual crise tem agravantes éticos, institucionais e, principalmente, políticos, os quais se constituem em expressivas pedras no caminho da superação.
Por outro lado, em termos meramente econômicos, é nítido o esforço para superarmos esse momento tão complexo. Estamos combinando ajuste fiscal (o ponto central foi a recente aprovação da PEC 55) com corte nos juros de referência. A redução da SELIC, inclusive, deverá se acentuar nos próximos meses, dado que a inflação parece sob controle (ou “ancorada”, no jargão dos economistas). Outro mérito importante do governo federal tem sido o de encaminhar reformas microeconômicas, especialmente para melhorar o nosso ambiente de negócios, um dos mais significativos entraves à competitividade nacional.
Nessa direção, foi anunciado um conjunto de medidas que objetiva, fundamentalmente, elevar o nível da atividade produtiva. Para tanto, no Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), o governo propõe às empresas a regularização de dívidas tributárias, previdenciárias e com o BNDES; por outro lado, estabelece redução gradual da multa adicional de 10% do FGTS na demissão sem justa causa, além de garantir a divisão dos lucros desse Fundo com os cotistas. Ainda encaminhou ações para simplificação no pagamento de obrigações (eSocial), redução da burocracia e mudanças relacionadas ao sistema financeiro como, por exemplo, uma Medida Provisória que autorizará estabelecimentos a diferenciarem preços de um mesmo produto com pagamento em dinheiro ou em cartão, o que é proibido atualmente.
São ajustes importantes, que reduzem o alto custo de se fazer negócios no Brasil e que também contribuirão para o aumento da oferta de crédito e para diminuição do endividamento das organizações. Dessa forma, o aspecto mais significativo desses encaminhamentos é que eles atuam no estímulo à oferta e à produtividade, numa clara sintonia com a compreensão de que o investimento privado é o único caminho possível para a superação da atual crise econômica brasileira.
Confira as edições anteriores da Análise Econômica Semanal:
9/12 - Pressupostos da recuperação da economia
2/12 - A volta da instabilidade política
25/11 - Crise política: persistente pedra no caminho de nossa recuperação econômica
18/11 - Crise é mais profunda do que se imaginava
11/11 - Endividamento: freio à retomada do crescimento
4/11 - O risco Trump
28/10 - Conter gastos públicos é necessário para a retomada econômica
21/10 - Por que os juros não caíram mais?
14/10 - Repatriação e investimentos: reforços no caixa
7/10 - PEC dos gastos e as reformas necessárias
30/09 - O Brasil e o ranking de competitividade econômica
23/09 - Avanços e riscos de um novo modelo de ensino médio
16/09 - O primeiro pacote de concessões
09/09 - O IDEB e os impactos na economia
19/08 - Dívida dos Estados e a necessidade de superar as ineficiências institucionais
05/08 - A queda da inflação e a revisão dos juros
29/07 - Déficit nas contas públicas: solução passa por investimentos e exportações
22/07 - Mudança na SELIC terá que vir acompanhada de medidas fiscais
15/07 - Precisamos aproveitar o cenário favorável
08/07 - Respeito às restrições do orçamento é imprescindível para alcançar meta fiscal
01/07 - O elemento central para a retomada da econonomia
24/06 - O "Brexit" como mais um desafio para a agenda internacional brasileira
17/06 - Sinais de confiança na retomada da economia
10/06 - Foco no cumprimento da meta de inflação
03/06 - No Caminho da austeridade
27/05 - Primeiras medidas evitam agravamento do quadro fiscal
20/05 - Controle das contas públicas e a eficiente gestão do gasto
13/05 - Competitividade, chave para retomada do crescimento
06/05 - A premissa da eficiência do gasto público
29/04 - O equilíbrio que se faz necessário nesse momento
22/04 - Os desafios do pós-Dilma
15/04 - Próximos dias darão o tom sobre as incertezas
08/04 - Um governo novo ou um "novo governo?
01/04 - FUTURO: Uma construção coletiva
24/03 - Não há saída sem a recuperação da confiança
18/03 - Destaques econômicos em segundo plano
11/03 - Os humores da política
04/03 - Efeitos da Lava Jato na economia
26/02 - Até que enfim, um sopro de positividade
19/02 - Programação Orçamentária e Financeira para 2016: cortes de gastos de R$ 24 bilhões