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Robótica: o impacto do aprendizado na vida das pessoas, dentro e fora das escolas

04/03/2024 - 16h03

O universo da robótica educacional produz reflexos na vida de milhares de pessoas - efeitos positivos que ultrapassam os limites físicos das escolas. Ao circular entre os espaços do Torneio SESI de Robótica, que acontece até este sábado, em Brasília (DF), descobrimos histórias curiosas, experiências marcantes e projetos sociais que envolvem muita dedicação.

Mesmo que haja competições por todos os lados, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, o espírito de colaboração é maior do que qualquer coisa. E isto faz parte dos valores básicos que a robótica cultiva nesses estudantes. Um exemplo forte disto é o dos irmãos Guilherme e Gustavo. Eles são da mesma categoria, a FLL, mas competem em equipes diferentes: Crazytech e New XP, respectivamente. Ambas da Escola SESI SENAI Parangaba, em Fortaleza. Onde comumente haveria clima de disputa, há cooperação, apoio e parceria.

“Graças à competição em si, a gente se ajuda e tem uma competição saudável. Ajudar outras equipes também gera pontos, então é algo natural pra gente. As próprias equipes são irmãs, então é como se fosse uma só”, comenta Guilherme, aluno do 1º ano do Ensino Médio.

“Ele entrou antes de mim, na FLL. Eu sempre quis ir para a equipe dele, mas nunca consegui. Então, hoje, estou na New XP”, completa Gustavo.

Projetos que transformam o mundo

Projetar robôs do zero, colocar em prática conhecimentos técnicos e competir nos torneios não é tudo o que os alunos precisam fazer. Uma das missões mais relevantes é a criação de projetos sociais que usam tudo o que eles aprendem para transformar a realidade de outras pessoas. Por isso, caminhar pelos corredores de pits da competição é encontrar um universo de criatividade, solidariedade e inovação.

Um dos projetos sociais desenvolvidos pelas equipes de F1 in Schools é o “Além da visão”, da Lightstorm - Escola SESI SENAI Centro, de Fortaleza. Os estudantes levam a experiência da categoria de robótica a pessoas atendidas pelo Instituto de Cegos do Ceará. Em modelo adaptado do mesmo disparador que aciona as miniaturas de carros de Fórmula 1, nas competições de robótica, é instalado um dispositivo que vibra e emite sinais sonoros para indicar o momento certo de apertar o botão.

“A gente nunca viu um piloto de F1 in Schools com deficiência visual. Então, decidimos fazer esse protótipo e conectá-lo junto ao disparador, para proporcionar a inclusão e a oportunidade de sentir como realmente é a nossa competição.”, explica Maria Eduarda, Designer Gráfico da equipe.

Outro projeto social interessante é o que foi desenvolvido pela equipe Gogotech (F1 in Schools). Com viés sustentável, os estudantes criaram uma barreira para captar resíduos sólidos que são descartados indevidamente no rio Ceará, em Fortaleza, como explica o Gerente de Projetos da equipe, Carlos Eduardo:

“Com essa barreira, nós juntamos todos os resíduos acumulados para levarmos aos EcoPontos. A terceira etapa é usar as garrafas PET para fazer filamentos que podem ser usados para fabricar brinquedos, em impressora 3D, que serão doados para as crianças da comunidade beneficiada com o projeto”. Para a fase da produção dos filamentos de plástico, a equipe está em busca de patrocínio.

Já o Projeto “Harmonia”, da equipe Clusters (FTC), da Escola SESI SENAI Parangaba (Fortaleza), tem a missão de levar a tecnologia da robótica e a inclusão para pessoas que não têm acesso à educação digital formal.

“A gente aplica nosso projeto na Associação Peter Pan, em Fortaleza, que atende crianças e adolescentes com câncer, de 0 a 17 anos. Nós utilizamos kits LEGO EV3, levamos a programação e a engenharia, para mostrarmos aos pacientes o desempenho que temos dentro deste campeonato, formando cada vez mais jovens e crianças voltados para a área da tecnologia”, explica Yanna Viana, que geriu e liderou a Clusters neste projeto.

A experiência não tem idade

Além dos alunos, a experiência do Torneio SESI de Robótica 2024 também vai ficar marcada para o “seu” Manuel Faustino, 67, o mais antigo colaborador em atividade do SESI Ceará (como já mostramos, na Revista FIEC). Pela primeira vez, ele está vivenciando um evento desta magnitude: “O convite que me fizeram para participar desse evento tão grande foi muito gratificante. Eu nunca vi uma coisa tão bonita que é o SESI reunir essas crianças, todas animadas, alegres e se divertindo”, comentou.

Ele entrou no clima, de verdade! Fantasiado de Mario, o famoso personagem dos jogos, está ajudando a manter todo mundo hidratado e fez sucesso com os estudantes. “Eu adorei mesmo, de coração! As pessoas chegam perguntando: - Cadê o Luigi? (personagem irmão do Mario). Tirei muita foto com muita gente”, diz ele.

Esta experiência também marca a primeira vez que ele viaja de avião. “[Antes de viajar,] Eu passei uns dias sem dormir. Me falaram que, quando o avião estivesse subindo, eu mastigasse muito chiclete. Mastiguei tanto chiclete que fiquei com as bochechas doloridas! Teve uma hora em que eu olhei pela janela e vi o avião parado. Depois, me falaram que ele estava a não sei quantos quilômetros [por hora, em velocidade]!”, conta.

São histórias assim que fazem do Torneio SESI de Robótica um mundo de aprendizado e inspiração.
As equipes de robótica do Ceará, nesta edição, são patrocinadas pelas empresas M. Dias Branco, Aproar Engenharia, Reprocon, FZ Construções e Realize Software.


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