Robótica: a história de ex-alunos que foram contratados pela escola para liderar equipes do SESI Ceará
Uma vez robotiquer, sempre robotiquer. É assim que se definem os alunos que mergulham nos projetos e equipes de robótica educacional do SESI, um universo de muito aprendizado (e emoções fortes) que é capaz de transformar a trajetória pessoal de muitos estudantes.
Hoje, a Rede SESI Ceará de Educação tem investido forte em suas equipes, promovendo a elas a preparação necessária para disputar etapas nacionais, ao longo dos anos. E esta é uma experiência que não pode acabar quando o ensino médio é concluído. Por isso, ex-alunos que foram integrantes de equipes experientes nas categorias de competição foram contratados para atuarem como monitores dos atuais integrantes. É o caso do João Pedro Paixão, da Mayanne Primo, do Victor Hugo, do Geovane Filho e do Emanuel Ferreira.
João Pedro e a Paixão pela robótica
Sim, este é o trocadilho. O sobrenome do João Pedro é o que define sua relação com a robótica educacional. Aos 21 anos, ele cursa Matemática na Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mas sua trajetória de robotiquer começou logo que entrou na Escola SESI SENAI Parangaba, em 2019, quando passou a ouvir sobre o universo das competições, nas categorias FLL, FTC e FRC (para entender mais, clique AQUI).
“Eu não queria ser da robótica mas, quando entrei, me apaixonei muito. Comecei ajudando na FTC e, depois, comecei a ajudar a All Might [equipe da FRC]”, conta ele. Depois de concluir o ensino médio, em 2021, seguiu dando auxílio às equipes da escola, mesmo já matriculado na universidade.
Foi em 2023 que ele participou de um processo seletivo e foi contratado pela escola, como monitor da equipe NewXP, da categoria de FLL.
“Desde lá, foi só ascensão, graças a Deus. Fazer com que a robótica do SESI do Ceará cresça é gratificante, assim como ter a confiança do Paulo [Botafogo, Diretor Escolar] e Ana Paula [Pinho, Gerente de Educação] para realizar esse trabalho. Crescer ainda mais com a robótica, com o SESI, é isso o que eu quero para minha vida”, diz ele.
Paixão, apaixonado indisfarçável, pretende terminar a graduação em Matemática, ser professor e ajudar a mudar a vida de outras pessoas.
Mayanne Primo: amor à primeira vista com a robótica
Mayanne entrou na Escola SESI SENAI Parangaba, em 2020, para estudar no ensino médio. Lá, descobriu a robótica educacional. “Sempre fui muito interessada na área e sempre gostei muito de LEGO. Mas, logo que começou o 2020, veio a pandemia de Covid-19. Então, tive apenas duas aulas de robótica, mas foi o bastante para ficar apaixonada”, relembra.
Logo no ano seguinte, ela passou na seleção para fazer parte da All Might (FRC), equipe da qual, em 2023, tornou-se mentora. Mayanne terminou o ensino médio e começou a cursar Matemática no IFCE. Mas, ao receber o convite da escola para participar do processo seletivo, foi aprovada e contratada como monitora da equipe Ironhide (FTC - Escola SESI de Referência Centro, em Fortaleza), interrompeu a Matemática, após o primeiro semestre. Logo, já entrou na graduação em Pedagogia, numa universidade particular - sim, tudo ao mesmo tempo.
“A robótica me trouxe muita habilidade para trabalhar em equipe, gerir e cuidar das pessoas - e eu era mais a gestora da All Might. Na Ironhide, os meninos brincam que eu sou muito tirana, mas eu quero que eles cheguem na etapa nacional para ganhar prêmio”, comenta Mayanne, ao falar sobre sua dedicação à monitoria da equipe.
Os planos dela são bem claros: Continuar na robótica, mas terminar o curso superior em Pedagogia para, em seguida, iniciar Engenharia de Software - que ela chama de “minha faculdade dos sonhos”. “Eu não consigo mais sair da robótica. A gente brinca que robótica é um ‘esquema de pirâmide’ - você entra e não consegue sair”, brinca.
Victor Hugo: educação é o caminho
Victor Hugo já entrou na escola SESI mais novo, por volta dos 15 anos de idade, no 9º ano do ensino fundamental - mas já por causa da robótica. Mal chegou e já buscou saber como era o processo de seleção para participar das equipes de FLL.
Logo no início do ensino médio, ele viu a categoria de F1 in Schools chegar às escolas da rede SESI SENAI Ceará. Victor Hugo foi um dos primeiros alunos a encarar a nova missão, ainda desconhecida. “Ali, meu olho já brilhou! Já de primeira, o técnico da equipe, na época, me disse que eu tinha o perfil de liderança e já fui gestor da equipe Woltz”, conta ele, que foi um dos criadores da equipe, em 2022.
Em 2024, Victor recebeu o prêmio nacional de 1º lugar em Gestão de Projetos, na etapa nacional, em Brasília. Um ano depois, ele volta à capital federal, agora como técnico da equipe Lightstorm (na categoria F1 in Schools, a mesma da Woltz que continua na ativa e também está competindo).
Um dos desafios curiosos que Victor Hugo encara nessa “missão robótica” é ter uma idade ainda muito próxima dos alunos que lidera. “Sempre mostrei para eles que não sou mais aluno. Agora, sou a pessoa que ensina”, comenta.
Victor Hugo, pela robótica, descobriu que a educação será seu caminho profissional. “Agora, eu quero seguir na educação. Um dia, quero ter experiência na coordenação e na direção. Esse é o meu sonho”, completa.
Geovane Filho: de integrante a líder da própria equipe
Geovane chegou na escola SESI SENAI Sobral em 2020, para cursar o ensino médio e, de cara, já entrou na robótica. Mesmo com a pandemia, a escola lançou o desafio para os alunos criarem soluções inovadoras com foco no distanciamento social imposto pela Covid-19. O trabalho de Geovane e sua equipe chamou a atenção da professora Ana Araújo, que convidou o estudante para ficar de vez na categoria de FTC. “Quando vi a dimensão daquilo, fiquei muito nervoso, no início”, comenta ele que, não muito tempo depois, já pôde participar das etapas nacionais, pela Spartan (equipe que segue entre as que estão em Brasília, disputando da temporada 2024-2025).
Já deu para perceber que, diferente dos demais entrevistados dessa matéria, Geovane não é monitor de outra equipe senão a que ele já conhecia e era integrante. Isso o torna íntimo dos processos de evolução dos seus liderados, na preparação para os grandes desafios. “Tem um pouquinho de pressão, porque a Spartan é uma equipe experiente na FTC. A gente sempre tenta demonstrar a nossa experiência, observando o que é melhor e se atualizando para chegar na etapa nacional e fazer bonito”.
Atualmente, ele cursa Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Sobral, um caminho acadêmico influenciado pela robótica apresentada pelo SESI. “Eu queria cursar Engenharia Civil, mas comecei a mexer nos robôs, a aprender sobre esse mundo da tecnologia e me envolvi com a Engenharia Elétrica. É uma área que eu pretendo seguir”, diz.
Emanuel Ferreira: eu respiro robótica
Este é um caso clássico de quando se é contaminado pelo vírus bom da robótica! Emanuel já entrou na Escola SESI SENAI Parangaba, no início do ensino médio, com o objetivo de participar de uma equipe. Assim, conheceu várias modalidades e, na época, começou sua paixão pela FRC. No 2º ano, já esteve presente em uma competição nacional, o Off-season realizado no Rio de Janeiro (RJ), em 2023 (como registramos AQUI).
“Foi uma das melhores experiências da minha vida, porque vai muito além de montar um robô. Sua perspectiva de mundo mudo, a partir do momento que você entra para participar da sua primeira competição”, conta ele, que foi integrante da equipe All Might (FRC).
Com o fim do ensino médio, ele foi aprovado (e em 3º lugar) em Engenharia Mecatrônica, no IFCE. “Essa decisão [pela escolha do curso superior] foi 100% influenciada pela robótica.
A minha vida se tornou robótica. Decidi estudar e entrar nessa área. Não penso em parar porque eu respiro robótica”, diz ele.
Os olhos brilham quando o futuro engenheiro fala sobre como a robótica mudou sua vida: “Mudou minha forma de expressão, de pensar e agir. Na robótica, você aprende a tomar melhores decisões baseadas em análises; conhece pessoas muito mais experientes que você, dentro e fora da área de tecnologia. Pessoas que vão te ajudar no âmbito pessoal e técnico. Afinal, nós somos mais do que robôs - esse é um lema da FIRST”, diz ele, lembrando o ideal repercutido pela For Inspiration and Recognition of Science and Technology (FIRST), uma organização norte-americana que opera internacionalmente diversas competições de robótica.
Texto: Richell Martins/SESI SENAI | Fotos: George Lucas/FIEC