telefone(85) 4009.6300

SENAI Ceará promove debates sobre inclusão de pessoas com Síndrome de Down em evento 'Conexões reais: Construindo um Ceará Inclusivo'

24/03/2025 - 22h03

Em uma tarde de celebração da diversidade e de partilha de conhecimentos sobre inclusão, o SENAI Ceará reuniu especialistas, autoridades e organizações que atendem pessoas com Síndrome de Down para o evento "Conexões reais: Construindo um Ceará Inclusivo", nesta segunda-feira (24/03), na Casa da Indústria. A iniciativa foi promovida por meio do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI) e abordou a construção dos conceitos de Inclusão e Exclusão, além da relação entre Inclusão e Educação.

O evento contou com uma roda de conversa composta por Gaída Dias, presidente do Grupo Cidade de Comunicação e mãe do Miguel, criança com Síndrome de Down; Samuel Pinho, médico psiquiatra preceptor no Programa de Residência Médica em Psiquiatria do HSMM e supervisor de ambulatórios de Neuropsiquiatria; e Bárbara Monte, psicóloga e professora universitária. Os debates contaram com a condução da especialista em Educação do SENAI Ceará e interlocutora do PSAI, Régia Sousa e da analista de Educação da Unidade Senai Parangaba e Interlocutora PSAI na escola, Leide Pereira.

Estiveram na escuta do evento jovens com síndrome de Down que já foram atendidos Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), e representantes de Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio), SESI Ceará, dentre outras instituições. A gerente de educação do SENAI Ceará, Sônia Parente, realizou a fala de abertura com boas-vindas aos presentes e reforçando o apoio do Sistema FIEC a ações que fortalecem a inclusão e o respeito à diversidade.

"Agradeço aqui a presença de todos, em nome do nosso diretor regional Paulo André Holanda. Nós, do SENAI, sempre temos encontrado grandes parceiros, como as instituições que aqui estão convidadas, para que a gente possa fazer essa reflexão, para que a gente possa conversar a respeito, para que nós possamos nos unir em torno de uma causa tão importante. Nós, enquanto educadores, sabemos dos desafios em torno da inclusão. Mas nós estamos aqui nos unindo aos bons, que a gente deve se unir, para que a gente possa se fortalecer. É assim, nessa visão de futuro, que esse momento tão importante de conexões reais nos ajuda a construir um Ceará realmente inclusivo", afirmou.

Gaída Dias compartilhou a sua história de vida como mãe de uma criança portadora de Síndrome de Down - Miguel, hoje com quatro anos -, desde os medos no começo da jornada até a sua atuação à frente de campanhas educativas e na defesa pelos direitos de pessoas com deficiência. A empresária do setor de comunicação enfatizou que é preciso ampliar o acolhimento a pessoas com Síndrome de Down, assim como pessoas com autismo e paralisia cerebral, por meio de um debate público incessante.

"A gente muitas vezes acha que as pessoas com Síndrome de Down não têm capacidades, e eles têm, sim, capacidade de evoluir. O que eles precisam é apenas do espaço e de uma oportunidade. Eles precisam desse acolhimento, de alguém que acredite neles. Eu não falo isso só pelo Miguel. Eu defendo a bandeira da Síndrome de Down durante os 12 meses do ano. Março é um mês em que a gente sempre traz o assunto à tona, por conta do Dia Mundial da Síndrome de Down (21 de março), mas eu não quero que o meu filho, que as pessoas com Síndrome de Down, sejam destaque nas campanhas só nesse período. Eles devem estar nas campanhas no mês de junho, no mês dos Namorados, no mês das Mães. Quantos meses a gente pode estar celebrando? Todos. É uma campanha que deve durar o ano todo", expôs.

Em seguida, o psiquiatra Samuel Pinho trouxe uma reflexão de abordagem filosófica sobre a constante transformação da estrutura social em torno dos avanços nas políticas de inclusão e diversidade na sociedade.

"A inclusão não é uma lei, é uma dimensão que é necessária. Contudo, para a gente pensar em inclusão verdadeira, a gente vai ter que ver outras dimensões. Então, a gente vai precisar de uma alteração cultural, estrutural e coletiva. Não importa o quanto nós falarmos, o tempo que nós passarmos conversando sobre isso, sempre vai ser um toque em aberto. Isso vai ser um desafio. Eu aposto que daqui a 30 anos estaremos em algum lugar falando sobre isso, porque é algo dinâmico. Sempre é preciso pensar nessa questão dinâmica de como eu posso melhorar a sociedade como um todo e, a partir daí, nós termos um vetor em comum enquanto cidadãos", pontuou o médico.

A psicóloga e professora Bárbara Monte trouxe, na perspectiva de sua trajetória pessoal e profissional, contribuição ao debate com informações acerca das potencialidades da pessoa com deficiência que devem ser respeitadas, incentivadas e valorizadas no nosso meio social. Tratá-los com humanidade e enxergando a sua existência na totalidade.

"O primeiro passo que parece óbvio, para a gente pensar em inclusão, é humanizar. O diagnóstico é uma ferramenta de trabalho, mas ele não resume quem a pessoa é. Ele não deve ser uma caixa que descontextualize aquela pessoa. Deve ser um conhecimento a mais, deve ser uma ferramenta a mais, deve ser uma bússola. O norte dessa bússola é a humanização. Esse que deve ser o nosso norte. O diagnóstico é uma condição que a pessoa está vivenciando, mas que não deve ser uma luneta pela qual a gente olha e que vai recortar aquela pessoa de tudo o que ela é, do que ela pode fazer. Todos nós temos fragilidades e todos nós temos potencialidades", explicou.

O desfecho da programação contou com apresentação artística realizada por jovens atendidos pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Romário e Bruna formaram uma dupla em número de dança, com a presença de familiares e membros da equipe multidisciplinar da associação.

Ações Inclusivas

O Programa SENAI de Ações Inclusivas foi criado em 1999, com atividades voltadas ao preparo de unidades, materiais didáticos e docentes para qualificar pessoas com deficiência. Ao longo de duas décadas, o PSAI tornou-se o programa de inclusão mais abrangente do país para o mundo do trabalho. No ano passado, em torno de 30 mil pessoas com deficiência matriculadas nas unidades do SENAI em todo o Brasil.

"Uma das formas que a gente pensa um pouquinho é a inclusão por meio da capacitação da equipe, dos docentes, da equipe escolar, das pessoas envolvidas. Porque a inclusão é muito viva, está ali no dia a dia. E não existe uma fórmula, a gente cria essa cultura por meio de um viés, do anticapacitismo, de combater esse preconceito que a gente ainda carrega por séculos de história. Então, o grande propósito do programa é promover condições de equidade e respeito à diversidade inerentes a todas as pessoas. Para promover essas condições, é preciso um trabalho de muita formação, sensibilização e muitas boas práticas", detalhou Fernanda Marques, gestora do Programa PSAI, em participação virtual.

A interlocutora do PSAI no SENAI Ceará, Régia Sousa, valorizou a emoção da troca de experiências e a riqueza da troca de conhecimentos como grandes legados desse tipo de encontro, que será cada vez mais presente na Casa da Indústria.

"As pessoas com deficiência precisam ser acolhidas, precisam ser respeitadas. E um evento não vai fazer com que todos nós sejamos inclusivos, não vai fazer com que o Ceará seja tão inclusivo como a gente deseja, mas é um passo para que nós possamos, aos poucos, conseguir caminhar e dar continuidade a esse trabalho de construir dentro do nosso sistema, dentro do nosso estado, uma sociedade mais acolhedora, mais inclusiva, mais amorosa, mais respeitosa diante das diferenças", complementou.

Acompanhe o Sistema FIEC nas redes sociais:

SESI - ​​Serviço Social da Indústria | CNPJ: 03.804.327/0001-04
Av. Barão de Studart, 1980 - 1º andar - Aldeota - Fortaleza/CE - CEP: 60.120-024
Política de Privacidade & Copyright
Balão de Chatbot
whatsapp-icon