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Cuba quer aproximação com empresários cearenses

04/11/2015 - 15h11

A embaixadora de Cuba no Brasil, Marielena Ruiz Capote, participou hoje (4/11) na FIEC do Seminário de Oportunidades de Negócios e Investimentos em Cuba. O evento, que contou com a presença de empresários, representantes do poder público e da academia, teve como objetivo procurar incrementar o comércio entre o Ceará e Cuba. Na ocasião, o presidente da FIEC, Beto Studart, destacou a felicidade de receber a representante cubana na Cada da Indústria, lembrando que aquele país passou por um longo tempo fora do cenário comercial externo.

Beto Studart destacou as belezas naturais e a cultura do povo cubano como atrativos a mais no que diz respeito as potencialidades do país em relação ao mundo. Ele ressaltou a importância da abertura de Cuba para o mundo, destacando que há muitas oportunidades de negócios nesse novo momento do país e que a visita à FIEC da embaixadora representava um primeiro passo nesse sentido.

Já o secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Inácio Arruda, afirmou que a visita tratava-se de um momento histórico para o Ceará, que acontecia graças a visão do presidente da FIEC, Beto Studart. O secretário foi um dos articuladores do encontro com os empresários.

A embaixadora Marielena Ruiz Capote, por sua vez, disse que para além dos aspectos de proximidade cultural, Cuba e Brasil possuem afinidades econômicas que podem ser melhoradas ainda mais. O Brasil foi o terceiro maior parceiro das importações de Cuba em 2014, com US$ 507 milhões. Com compras externas de US$ 6 bilhões, os dez principais setores importadores de Cuba são: máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes; cereais; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; resíduos das indústrias alimentares e rações; leite e lacticínios, ovos e mel natural; plásticos e suas obras; combustíveis e óleos minerais; veículos automóveis, e suas partes e acessórios; carnes e miudezas comestíveis; e instrumentos e aparelhos de ótica. O Ceará exportou no ano passado US$ 2,5 milhões, sendo basicamente calçados, com US$ 2,2 milhões e obras de ferro fundido, ferro ou aço, com US$ 334 mil. 

Crescimento econômico impulsionado pelas exportações e reformas

Após uma desaceleração em 2014, devido a um declínio na produção e exportação de níquel, ao fraco desempenho do setor açucareiro, e aos baixos níveis de investimento (apenas 7,8% do PIB), o crescimento econômico de Cuba deverá ser retomado em 2015. O renascimento na atividade de mineração, juntamente com a perspectiva de elevação dos preços do níquel (6% do total das receitas de exportação), em conjunto com o turismo (29% das receitas totais de exportação), estimularão o desenvolvimento.

A expansão contínua do setor privado deverá atingir entre 40 e 45% do PIB nos próximos anos, impulsionando a demanda interna. A desregulamentação da economia é propensa a gerar resultados positivos, principalmente em termos de aumento da produtividade e dos salários, a médio e longo
prazo.

Porém, no curto prazo, a gradual redução de postos de trabalho do setor público (600 mil desde 2009, com um objetivo de 1 milhão em 2016) resultará em maior desemprego. Uma nova lei que regulamenta os Investimentos Estrangeiros foi aprovada e oferece incentivos fiscais a empresas estrangeiras interessadas em investir nos setores da agricultura, energia, construção e de turismo. Isso vai ajudar a estimular o investimento e o nível de emprego nesses setores.

O país retirará de circulação uma de suas duas moedas: o peso conversível (CUC), alinhado ao dólar e utilizado para turistas e para remessas de emigrantes, está programado para desaparecer, permanecendo apenas o peso nacional (CUP). Cuba, que possui cotas muito limitadas de capital estrangeiro, provavelmente irá reformar os controles sobre as suas importações para evitar qualquer colapso em suas reservas de divisas, que será vital no apoio à taxa de câmbio.

Gestão prudente das contas públicas e externas

O déficit orçamentário aumentou significativamente em 2014, graças, sobretudo, aos subsídios (em bens de primeira necessidade, eletricidade, saúde e educação) e a diminuição das receitas fiscais, devido a redução nas exportações de níquel. A remoção gradual dos subsídios e a adoção de reformas liberais devem ajudar a reduzir o déficit. Como o setor público emprega cerca de 4,8 milhões de pessoas, quase 90% da população ativa, o governo deverá reduzir o tamanho da força de trabalho, transferindo-a para o setor privado, reduzindo, assim, suas despesas e, simultaneamente, gerando receitas adicionais.

A balança comercial permanecerá com déficit (importações em larga escala de alimentos e bens de capital), apesar do aumento das receitas de exportações de níquel e do turismo.

Rumo à maior abertura internacional

O sistema político cubano é dominado por um partido único, o Partido Comunista Cubano (PCC). Desde 17 de Dezembro de 2014, estão em curso discussões formais com os Estados Unidos sobre a normalização e estabelecimento de relações diplomáticas. A Venezuela continuará a ser o parceiro mais próximo de Cuba no cenário internacional, nomeadamente através de uma política ativa de empréstimos, investimentos e subsídios. Cuba também está estabelecendo laços mais estreitos com o Brasil e a China. As negociações, iniciadas maio 2014 com a França, para uma cooperação mais estreita também são provas de um desejo de uma maior abertura em relação à União Européia por parte das autoridades cubanas.

 

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