Estudo socioeconomico apresenta dados do setor produtor de couros ovino e caprino do Ceará
A seca impactou na produção de couros e peles no Ceará e causou o fim de rebanhos inteiros. Esse é um dado apontado por 71% produtores e fornecedores de couros de origem caprina e ovina no Ceará, que faz parte do “Estudo Socioeconômico dos Produtores de Couro” produzido pela equipe de pesquisa da área de Tecnologia e Inovação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), para o Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e Peles no Estado do Ceará (Sindicouros), associado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).
Os resultados gerais da pesquisa foram apresentados oficialmente no dia 28/01, na FIEC, para representantes do Sindicouros e instituições ligadas ao segmento: Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Federação da Agricultura do Estado do Ceará (FAEC), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Agência de Defesa Agropecurária do Estado do Ceará (ADAGRI), SEBRAE-CE e Clube do Berro.
“Reunimos os integrantes do setor e da indústria, os operadores dessa cadeia, para que também conheçam a realidade através dessa pesquisa e que discutamos processos de melhoria no campo. Ano após ano, a qualidade da pele tem piorado e vemos que a cadeia de caprinocultura não é encarada como negócio. Para a indústria, é fundamental padronização e qualidade e é algo que não estamos vendo agora nesse setor, extremamente vulnerável”, avaliou Roseane Medeiros, membro do Conselho Fiscal do Sindicouros.
O estudo de campo da pesquisa foi realizado pela equipe do IEL/CE entre dezembro de 2014 e maio de 2015 e contemplou 602 criadores, em 49 municípios de quatro macrorregiões mais significativas para criação de ovinos e caprinos: Cariri/Centro Sul, Litoral Leste/Jaguaribe, Sertão Central e Sertão dos Inhamuns. Foram levantados o perfil dos produtores, quantidade de matrizes reprodutoras, quantidade de animais vendidos vivos e abatidos (2012/2014), quantidade de carne e couro comercializadas e destino do couro produzido e preços praticados.
Entre os criadores que responderam à pesquisa, 30,7% tem mais de 50 anos, com mais de 15 anos de atividade (64,7%), e com apenas o ensino fundamental incompleto (23,8%). A maioria vende o animal vivo (43,4%), enquanto 32,1% utilizam o abatedouro público. A quantidade de matrizes reprodutoras chegaram a 37.414 caprinos e de 61.529 ovinos em 2014 no Ceará, segundo o estudo. Dos pesquisados, apenas 35,5% do total faz anotações do que produziu ou produz no ano. “Tivemos resistência nas respostas de muitos produtores, que se sentiram intimidados em responder alguns questionamentos, temendo por roubo ou fiscalizações”, avaliou a coordenadora da pesquisa, Iara Falcão, do IEL/CE.
Entre as dez dificuldades mais citadas pelos produtores, foram listadas a seca (água/alimentação) por 71% dos entrevistados; falta de apoio/incentivo por bancos/governo/prefeitura (11%); roubos (10,9%); falta de mão de obra (6,6%); pastagem (3,8%); alto custo (3,3%); predadores(3,3,%); cachorros que matam animais (1%); doenças (1%) e falta de assistência técnica (1%).