Aumento do preço do papel muda dinâmica da Indústria Gráfica
A indústria gráfica já inicia 2016 com mais um impacto do aumento do dólar. Depois de meses segurando os preços, os grandes fornecedores de papel anunciaram para início de fevereiro o aumento deste insumo. O percentual de aumento deverá chegar a 24,3%.
Para o presidente do Sindicato da Indústria Gráfica do Ceará – Sindgrafica, Luis Francisco Esteves, o aumento terá reflexo em toda a cadeia produtiva. “Ao longo de 2015 tivemos que absorver a super alta do dólar e a elevada carga tributária para não prejudicar ainda mais o setor. Mas com o anúncio desse aumento, certamente, teremos que reajustar nossos preços”, afirma.
O aumento do papel é reflexo do reajuste da celulose de eucalipto, especialidade de produtores brasileiros bem aceito nos mercados da China, Estados Unidos e Europa.
Desempenho da indústria gráfica
A produção física da indústria gráfica brasileira recuou 17,4% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014 – recuo maior do que os 11,2% da indústria de transformação no período. Em relação ao segundo trimestre, descontado o padrão sazonal, a diminuição foi, respectivamente, de 4,1% e de 3,2%. O cálculo é da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), com base em dados da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dada a gravidade da crise econômica e política, o contágio da nova perda de grau de investimento e a ausência de medidas efetivas para a retomada do crescimento, o setor trabalha com expectativa de nova queda da ordem de 7% em 2016.
Esse desempenho fez o setor gráfico rever a projeção para o ano. A expectativa agora é de encolhimento de 12%, bastante superior ao -1,1%, estimado em janeiro de 2015. A explicação está, em curto prazo, na necessidade de ajustar os estoques e, no médio prazo, na combinação de dificuldades financeiras com demanda fraca.
Pesquisa de confiança realizada pela Abigraf no terceiro trimestre de 2015 mostrou que o setor tem um índice de endividamento de 66% (em 2014, era de 53%). A situação reflete a própria dificuldade de receber dos clientes – 91% do total das gráficas disseram lidar com atrasos que variam de 30 dias (35%) a 90 dias ou mais (52%).
Dois efeitos diretos dessa situação foram o aumento do fechamento de vagas no setor e a queda no índice de confiança do empresariado gráfico. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a indústria gráfica fechou 3.111 postos de trabalho formais no terceiro trimestre, enquanto no mesmo período do ano anterior havia criado 245 novas vagas. O índice de confiança, por sua vez, despencou para 38,3 pontos em uma escala de 0 a 100, uma queda de 11 pontos em relação ao segundo trimestre.