20ª Reunião do COEMA Regional Nordeste discute controle de bioinvasores
Desafios impostos pela bioinvasão, cidades sustentáveis e o clima da caatinga foram os assuntos discutidos no último dia da 20ª Reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (COEMA) - Regional Nordeste, realizada nesta terça-feira (8/3), na Casa da Indústria, em Fortaleza.
Os trabalhos foram abertos pelo presidente da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), Beto Studart, e contaram com a participação do secretário do Meio Ambiente do Ceará, Arthur Bruno, e do superintendente da Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace), José Ricardo Araújo Lima.
No primeiro momento da reunião, o debate girou em torno dos desafios impostos pela bioinvasão, especialmente da Cryptostegia madagascariensis, também conhecida como unha do diabo, praga que afeta os carnaubais do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Refinadoras de Cera de Carnaúba do Estado do Ceará (Sindicarnaúba), Edgar Gadelha, os impactos desse problema são muito graves e afetam diretamente o meio ambiente e a economia do Nordeste.
“A cera de carnaúba é o sexto item na pauta de exportação do Ceará e gera emprego e renda para milhares de pessoas. Se não atacarmos esse invasor, há um grande risco de perdemos nossos carnaubais, que são símbolo do Ceará. Isso já aconteceu na Austrália, onde esse mesmo invasor dizimou uma floresta inteira de eucaliptos. Na verdade, temos um problema regional porque ele ultrapassa as fronteiras do Ceará, atingindo estados vizinhos”, afirmou.
A estratégia que poderia ser adotada para resolver o problema é a utilização de controle biológico, a exemplo do que foi feito na Austrália. Essa solução, que seria pioneira no Brasil, está sendo estudada pelo SENAI Ceará, em parceria com pesquisadores financiados com recursos internacionais e do setor, informou Gadelha.
Além da Cryptostegia madagascariensis, outro bioinvasor alvo de discussões na reunião do COEMA Nordeste foi o coral sol, que atinge o litoral da Bahia e de Sergipe. O evento contou ainda com uma apresentação do presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindverde), Marcos Albuquerque, sobre o projeto “Redenção 2020 – Primeira cidade sustentável no Ceará”.
O secretário executivo do COEMA Nacional, Shelley de Souza Carneiro, ressaltou que o COEMA Nordeste tem um papel fundamental na busca de soluções aos problemas comuns não só aos estados nordestinos, mas também nacionais. “Nesse ambiente do COEMA são levantadas informações, problemáticas, soluções e ideias para que a gente consiga avançar nas questões regionais e nacionais. Exemplo disso foi o problema da seca, que passou a fazer parte da pauta do Sul e do Sudeste há pouco tempo”, destacou.
À tarde, as discussões da reunião giraram em torno dos temas ambientais acompanhados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com aderência à indústria, como licenciamento ambiental, recursos hídricos, mudanças climáticas, energia, biocombustíveis, resíduos sólidos, biodiversidade, florestas. Os assuntos foram apresentados pelos membros da gerência executiva de meio ambiente e sustentabilidade da CNI, Elisa Romano e Wanderley Baptista.
O coordenador geral da Associação Caatinga, Rodrigo Castro, apresentou os resultados do Projeto No Clima da Caatinga, iniciativa inovadora de ações de conservação de área degradadas da Caatinga, capacitação de comunidades e geração de alternativas de geração de renda. Realizado desde 2011, o projeto vem gerando resultados e impactos de melhoria da qualidade de vida da população, conservação da Caatinga e mitigação de efeitos potencializadores do aquecimento global no semiárido.
Rodrigo Castro apresentou ainda as ações realizadas no âmbito da parceria entre a FIEC e a associação, entre elas o cultivo de 20 mil mudas na unidade do SESI Barra do Ceará. Edgar Gadelha sugeriu que essa parceria e os conhecimentos da associação sejam levados para outros estados da região. “No Brasil, ninguém tem nossa expertise em Caatinga. Podemos levar nossos projetos para todo o Nordeste. Estamos a disposição para colaborar”, sugeriu.